Processo de construção do espetáculo Garrincha sem chuteiras. Recife - Pernambuco, 2012.
domingo, 25 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
domingo, 18 de março de 2012
sexta-feira, 16 de março de 2012
Táticas do jogo
Olá, bom dia, boa tarde, boa noite pra você que já veio aqui outras vezes e pra você que está pisando no gramado pela primeira vez. Entregando o jogo: estou ensaiando um monólogo intitulado Garrincha sem chuteiras, sob a direção do experiente preparador João Denys. Ele me deu bola e, claro, eu agarrei de primeira. Entrou no time também o gandula querido Rafael Almeida, que está acompanhando os treinos de perto. Você já deve ter visto nas redes sociais a campanha Dê bola para o ator. Isso mesmo, não temos patrocinadores. Além de ator, estou suando a camisa para realizar este jogo. Sim, eu preciso de muitas bolas de futebol (pode ser qualquer uma, inclusive de leite e usadas) para o cenário idealizado por Denys. Fiz um apelo para arrecadar bolas. Se você tem interesse em doar alguma, entre em contato pelo ccomunicador@gmail.com que vejo como agarrar. Ficaremos muito felizes com o seu lance. Ah, está disponível logo abaixo o banner para Facebook, como forma de registrar seu apoio a este projeto. É só copiar e colar nas suas redes sociais. Obrigado e bola pra frente.
Eu driblo, tu driblas.
Driblar, tendo pernas tão tortas - e driblar como ninguém - eis um mistério de Garrincha que eu não ouso explicar;
Driblar, tendo uma perna mais curta que a outra - e driblar como ninguém - eis um mistério de Garrincha que tu não ousas explicar;
Driblar, tendo um desvio na espinha dorsal - e driblar como ninguém - eis um mistério de Garrincha que ele não ousa explicar...
Driblar, quase sempre para o mesmo lado, repetindo o gesto mil vezes para mil vezes afirmar-se negando o próprio conceito de drible - eis um mistério que não ousais explicar...
Driblar - e driblar com tanta graça e naturalidade - eis um mistério de Garrincha que só Deus pode explicar.
[Armando Nogueira]
Driblar, tendo uma perna mais curta que a outra - e driblar como ninguém - eis um mistério de Garrincha que tu não ousas explicar;
Driblar, tendo um desvio na espinha dorsal - e driblar como ninguém - eis um mistério de Garrincha que ele não ousa explicar...
Driblar, quase sempre para o mesmo lado, repetindo o gesto mil vezes para mil vezes afirmar-se negando o próprio conceito de drible - eis um mistério que não ousais explicar...
Driblar - e driblar com tanta graça e naturalidade - eis um mistério de Garrincha que só Deus pode explicar.
[Armando Nogueira]
terça-feira, 13 de março de 2012
O anjo de pernas tortas
- Vinícius de Moraes -
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento!
Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!
Mané e o Sonho
- Carlos Drummond de Andrade -
Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho. A multidão contrita.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Lance de poesia
A Flor e a Bola
"Um dia, um poeta entreabriu as pétalas de uma rosa brandante. No íntimo da flor encontrou, vislumbrado, um verão inteiro. Eu também quis ver de perto a alma de outro devaneio, a bola. Despetalei os gomos, um por um, e encontrei um drible de Garrincha."
[Armando Nogueira]
domingo, 11 de março de 2012
Nosso gandula
Gandula* (português brasileiro) ou apanha-bolas (português europeu) é a pessoa responsável por buscar as bolas que são jogadas para fora do campo em uma partida de futebol. A função surgiu depois da construção do Maracanã: muitas bolas caíam no fosso e precisavam ser apanhadas por alguém. A origem do nome você encontra aqui.
Rafael Almeida entrou no jogo para fazer gols com a gente e acompanhar e registrar os treinos. Ah, se você estudou cênicas com ele ou já trabalharam juntos, dê bola pra ele, vamos precisar de muitas.
*Fonte: Wikipédia.
Garrincha e Nelson Rodrigues
O belíssimo vídeo do canal 100 sobre o Botafogo e o Garrincha, conta com duas crônicas mescladas de Nelson Rodrigues. As crônicas são ”Os que negam Garrincha” (1966) e “Um Gesto de Amor” (1968) e se encontram no livro À sombra das chuteiras imortais, respectivamente nas páginas 119 e 137. Leia na íntegra a crônica do Nelson, como se encontra no vídeo:
Vocês se lembram de Charlie Chaplin, em Luzes da ribalta, fazendo o número das pulgas amestradas? Pois bem, Mané deu-nos um alto momento chapliniano. E o efeito foi uma bomba. Na primeira bola que recebeu, já o povo começou a rir. Aí é que está o milagre: — o povo ria antes da jogada, da graça, da pirueta. Ria adivinhando que Garrincha ia fazer a sua grande ária, como na ópera.
Como se sabe, só o jogador medíocre faz futebol de primeira. O craque, o virtuose, o estilista, prende a bola. Sim, ele cultiva a bola como uma orquídea de luxo. Foi uma das jogadas mais histriônicas de toda a vida de Mané. Primeiro, pulou por cima da bola. Fez que ia mas não foi. Pula pra lá, pra cá, com a delirante agilidade de 58. Lá estava a bola, imóvel, impassível, submissa ao gênio. E Garrincha só faltou plantar bananeiras.
Esse rapaz da Raiz da Serra compensou-nos de todas as nossas humilhações pessoais e coletivas. Vocês sabem que, do nosso lábio, sempre pendeu a baba elástica e bovina da humildade. Em 58, ou 62, o mais indigente dos brasileiros pôde tecer a sua fantasia de onipotência. E, por tudo isso, as multidões, sem que ninguém pedisse, e sem que ninguém lembrasse, as massas derrubaram os portões. E ofereceram a Mané Garrincha uma festa de amor, como não houve igual, nunca, assim na terra como no céu.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Fome de bola
terça-feira, 6 de março de 2012
Enquanto isso no estádio...
O jogador:
Cleyton Cabral é ator, escritor e publicitário. Assina o blog Cleytudo e a coluna Da cabeça ao cóccix, no Portal Interpoética. Experiência em teatro: Um Gesto por Outro de Jean Tardieu (prêmio especial do júri pelo conjunto do elenco); A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado; Em três cenas, de Júlio Cortazar; Ópera do Fogo, de Ronaldo Correia de Brito; Cordéis Minimalistas, de Luis Felipe Botelho; A terra dos meninos pelados, de Graciliano Ramos; Rua do Lixo, 24 de Vital Santos; Dom Quixote, balé inspirado na obra de Miguel de Cervantes; A Flor e o Sol, de Cícero Belmar; Playdog (Projeto Aprendiz Em Cena 2009), de vários autores da nova dramaturgia; Quando Aquiles sangrou ou Suas mãos onde estão?, de Carlos Bartolomeu; entre outras. Em 2014, lançou seu primeiro livros de contos, tempo nublado no céu da boca.
O treinador:
João Denys Araújo Leite é professor e pesquisador do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística, da Universidade Federal de Pernambuco. Encenador, dramaturgo, cenógrafo, figurinista, aderecista, maquiador e iluminador, é mestre em Teoria da Literatura, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. Sua dissertação Um teatro da morte: transfiguração poética do Bumba-meu-boi e desvelamento sociocultural na dramaturgia de Joaquim Cardozo foi agraciada com o Prêmio Jordão Emerenciano, de Ensaio, do Conselho Municipal de Cultura em 2002, sendo publicada no ano seguinte, com o mesmo título. Tem publicada, ainda, a Trilogia do Seridó, que consta das peças Deus danado (1993), Flores D’América (2005) e A pedra do navio (1979), em edições separadas. Suas encenações mais recentes são O funâmbulo, de Jean Genet (2005), O canto do teatro brasileiro, de sua autoria (2005), Encruzilhada Hamlet, de sua autoria (2009) e Os fuzis da senhora Carrar, de Bertolt Brecht (2010). Seu foco de pesquisa nos últimos dez anos tem sido a dramaturgia de Joaquim Cardozo, a dramaturgia de Hermilo Borba Filho, Processos de criação dramatúrgica e Composição de textos teatrais.
Cleyton Cabral é ator, escritor e publicitário. Assina o blog Cleytudo e a coluna Da cabeça ao cóccix, no Portal Interpoética. Experiência em teatro: Um Gesto por Outro de Jean Tardieu (prêmio especial do júri pelo conjunto do elenco); A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado; Em três cenas, de Júlio Cortazar; Ópera do Fogo, de Ronaldo Correia de Brito; Cordéis Minimalistas, de Luis Felipe Botelho; A terra dos meninos pelados, de Graciliano Ramos; Rua do Lixo, 24 de Vital Santos; Dom Quixote, balé inspirado na obra de Miguel de Cervantes; A Flor e o Sol, de Cícero Belmar; Playdog (Projeto Aprendiz Em Cena 2009), de vários autores da nova dramaturgia; Quando Aquiles sangrou ou Suas mãos onde estão?, de Carlos Bartolomeu; entre outras. Em 2014, lançou seu primeiro livros de contos, tempo nublado no céu da boca.
O treinador:
João Denys Araújo Leite é professor e pesquisador do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística, da Universidade Federal de Pernambuco. Encenador, dramaturgo, cenógrafo, figurinista, aderecista, maquiador e iluminador, é mestre em Teoria da Literatura, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. Sua dissertação Um teatro da morte: transfiguração poética do Bumba-meu-boi e desvelamento sociocultural na dramaturgia de Joaquim Cardozo foi agraciada com o Prêmio Jordão Emerenciano, de Ensaio, do Conselho Municipal de Cultura em 2002, sendo publicada no ano seguinte, com o mesmo título. Tem publicada, ainda, a Trilogia do Seridó, que consta das peças Deus danado (1993), Flores D’América (2005) e A pedra do navio (1979), em edições separadas. Suas encenações mais recentes são O funâmbulo, de Jean Genet (2005), O canto do teatro brasileiro, de sua autoria (2005), Encruzilhada Hamlet, de sua autoria (2009) e Os fuzis da senhora Carrar, de Bertolt Brecht (2010). Seu foco de pesquisa nos últimos dez anos tem sido a dramaturgia de Joaquim Cardozo, a dramaturgia de Hermilo Borba Filho, Processos de criação dramatúrgica e Composição de textos teatrais.
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